Hoje faz 6 meses que saímos do Brasil. Não foi uma saída qualquer, já havíamos saído antes, como família, sozinho, mas sempre havia a volta. Desta vez não, começando pela família, já não estava mais completa, a Sophie ficou . Saímos sem casa para ir e sem casa para voltar, é uma sensação muito estranha, uma adrenalina estranha, pois é boa e assustadora ao mesmo tempo.
Além disso iniciou-se um processo irreversível de encerramento de ciclo. Sempre digo que o maior bem que construímos nesses 30 e poucos anos em São Paulo foram os amigos. Alguns tomarão outros rumos ( o que é perfeitamente natural ) crianças crescerão, adolescentes se formarão, alguns casarão, irão celebrar aniversários, experimentar lutas e dores e não mais estaremos juntos. Os amigos eternos, aqueles que ultrapassam a barreira distância/tempo, esses ficarão para sempre, mas mesmo assim, em outros termos ou virtuais, como se tornou normal nos dias de hoje. Outros fecharam um ciclo e como diz o ditado hebraico que gosto muito " Foi bom, que bom que foi ...."
A família é um caso a parte, sempre fomos muito ligados, próximos , vidas entrelaçadas, e agora tudo isso passa a ser virtual. Esta semana natalina é um pouco mais dolorida, mas faz parte do processo ( rsss) . Sobre a família, irei escrever depois algo mais.
Percebemos que não temos para onde voltar, claro que essa frase parece exagerada, mas é pura realidade. O mundo, circunstâncias, vida profissional, ministerial, que deixamos já era.
Fazia tempo que não experimentava a sensação de sair sem rumo, apenas na obediência e confiança Naquele que nos chamou. Essa sensação é desafiadora, exige outro nível de confiança ( que não nos torna melhor do que ninguém ) que a " segurança ' da estabilidade não nos faz perceber.
Bem, você deve estar pensando que este é um texto de lamúrias, não o é .
É um texto para expressar gratidão, como Deus tem cuidado de nós. É um texto para expressar alegria, por tudo o que temos vivido em 6 meses , gratidão pelas pessoas que Ele tem colocado em nosso caminho, generosas, amigáveis, compreensivas.
Continuamos caminhando olhando para as estrelas como Abraão. Pois imagino que, cada vez que ele tinha alguma dúvida ele olhava para o céu e lembrava da promessa de Deus e assim ele renovava suas forças para caminhar.
Mudar as tendas de lugar, como fez Abraão é um processo, que exige fé, confiança e principalmente relacionamento com Aquele que Chama, Vocaciona e coloca o propósito.
Obrigado Senhor por esses 6 meses, obrigado pelo cuidado, pelo carinho, pela paciência, pela provisão, mas principalmente por estar conosco.
Que venham os próximos 6 meses..........
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